Plantas Medicinais

Macela: calmante digestivo natural com forte ação anti-inflamatória e antioxidante

A macela (Achyrocline satureioides), conhecida popularmente como marcela ou camomila-do-Brasil, é uma planta medicinal tradicionalmente utilizada nas culturas sul-americanas, especialmente no Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Desde os tempos coloniais, seu uso era comum em chás calmantes, principalmente durante a Semana Santa, quando sua colheita tradicional marca o auge de seu potencial terapêutico.

Considerada um símbolo da medicina popular, a macela é valorizada por suas propriedades anti-inflamatórias, digestivas, antioxidantes e sedativas leves. Seus capítulos florais são ricos em flavonoides e óleos essenciais, conferindo-lhe eficácia em diversas condições clínicas, especialmente distúrbios gastrointestinais, inflamatórios e ansiosos.

Macela

Benefícios para a Saúde

  • Calmante natural e sedativo leve: A macela é tradicionalmente usada para aliviar o estresse e a insônia leve. Estudos demonstram que seus compostos flavonoides, como a luteolina e a quercetina, atuam no sistema nervoso central com leve efeito sedativo, promovendo relaxamento sem causar dependência ou sonolência excessiva. Pode ser uma alternativa fitoterápica em quadros de ansiedade leve, tensão pré-menstrual e insônia ocasional.
  • Ação digestiva e carminativa: Um dos usos mais consagrados da macela é no trato digestivo. Ela estimula a secreção gástrica, aliviando dispepsias, náuseas e flatulência. Seu efeito carminativo e antiespasmódico atua diretamente sobre a musculatura lisa do trato gastrointestinal, sendo eficaz em quadros de cólicas, gastrites leves e indigestão.
  • Potente anti-inflamatório natural: A Achyrocline satureioides contém flavonoides com comprovada ação anti-inflamatória. Estudos experimentais mostram que seus extratos reduzem marcadores inflamatórios como TNF-α e IL-6, sendo potencialmente úteis em condições inflamatórias crônicas como artrite, colites e até mesmo como coadjuvante na síndrome metabólica.
  • Ação antioxidante e hepatoprotetora: A planta possui alto teor de compostos fenólicos com poderosa atividade antioxidante, protegendo as células contra os danos oxidativos induzidos por radicais livres. Essa propriedade também contribui para a proteção do fígado, com estudos indicando seu potencial hepatoprotetor frente a substâncias tóxicas.
  • Atividade antimicrobiana leve: Embora não seja seu principal uso, a macela apresenta atividade antimicrobiana contra algumas cepas de bactérias patogênicas, o que reforça sua utilidade em infecções leves do trato digestivo e na preservação de preparações fitoterápicas caseiras.

Outros Usos Terapêuticos

  • Compressas mornas: alivia dores musculares e reumáticas leves.
  • Em banhos e lavagens: auxilia no tratamento de candidíase e irritações vaginais.
  • Gargarejo: é útil contra aftas e inflamações orofaríngeas.
  • Encher travesseiro: O aroma sutil que exala da planta pode induzir ao relaxamento e melhorar a qualidade do sono, aliviar cólicas leves e desconfortos respiratórios (tosse).

Efeitos Adversos e Contraindicações

  • Apesar de ser uma planta segura, seu uso em excesso ou de forma contínua pode causar: Irritação gástrica em indivíduos sensíveis, sono excessivo, quando combinada com outras substâncias sedativas e possível reação cruzada em alérgicos a outras Asteraceae (como camomila e arnica)
  • Contraindicações:
    Na gravidez: devido à potencial ação uterotônica, não deve ser usada por gestantes. Lactação e Crianças pequenas: uso deve ser evitado, salvo sob orientação profissional.
    Pessoas em uso de anticoagulantes ou benzodiazepínicos devem evitar o uso concomitante.

Formas de Preparo

Chá Calmante Digestivo

Ingredientes:
1 colher de sopa de flores secas de macela
200 ml de água

Modo de preparo:
Ferver a água, desligar o fogo e adicionar as flores. Tampar e deixar em infusão por 10 minutos. Coar e tomar 1 xícara 30 minutos antes de dormir ou após as refeições.

Validade: consumir em até 12 horas.

Tintura de Macela

Preparada com álcool de cereais a 70%, na proporção 1:5 (planta:álcool)

maceração por 7 a 10 dias, agitando-se diariamente.

Dose sugerida: 20 a 30 gotas diluídas em água, 2 vezes ao dia.

Validade: até 2 anos, bem armazenado.

Banho Calmante ou Compressa

Infusão concentrada (3 colheres de sopa para 500 ml de água)

Aplicada morna sobre áreas doloridas ou utilizada em banhos de imersão.

Travesseiro Terapêutico (acalmar crianças)

Ingredientes:
Flores secas de Macela de boa qualidade, livres de mofo e armazenadas em local seco e ventilado
A fronha deverá ser de tecido natural e respirável, como algodão, para permitir a liberação dos compostos voláteis.

Modo de preparo:
Recheie o travesseiro com a quantidade desejada de flores secas de macela, podendo ser combinada com outras ervas como lavanda ou camomila

Troque o recheio a cada 1 a 2 meses, pois o aroma se dissipa com o tempo.

Saiba quais as formas e como preparar a planta medicinal

Como Plantar a Macela

  • Clima e solo: A macela se desenvolve bem em climas subtropicais e temperados, com preferência por solos bem drenados, arenosos e ricos em matéria orgânica. Gosta de pleno sol.
  • Plantio e germinação: Multiplica-se por sementes ou por divisão de touceiras. As sementes são pequenas e devem ser apenas levemente cobertas com terra fina. Germinação em 10 a 15 dias.
  • Cuidados: Regas moderadas, evitando encharcamento. Retirar ervas daninhas que competem por nutrientes. Florescem no outono e devem ser colhidas pela manhã, com tempo seco.
  • Pragas e doenças: Pouco suscetível a pragas, mas pode ser atacada por pulgões ou fungos em ambientes muito úmidos. Calda de fumo ou sabão neutro são eficazes preventivos.

Ficha Técnica da Macela

Nome científico: Achyrocline satureioides
Outros nomes populares: marcela, camomila-do-Brasil, macelinha, macela-dourada, macela-amarga
Nomes em outros países lusófonos: marcela (Portugal), marcela-dourada (Angola), chá-de-marcela (Moçambique)
Família botânica: Asteraceae
Parte utilizada: capítulos florais
Origem: América do Sul
Altura da planta: até 60 cm
Clima de ocorrência: subtropical e temperado
Uso tradicional: digestivo, calmante, anti-inflamatório
Compostos ativos: quercetina, luteolina, ácido cafeico, óleo essencial (cineol, borneol, bisabolol)

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Referências

  • Desmarchelier, C., Coussio, J., & Ciccia, G. (1998). Antioxidant and free radical scavenging effects in extracts of the medicinal herb Achyrocline satureioides (Lam.) DC. (“marcela”). Brazilian Journal of Medical and Biological Research, 31(9), 1163–1170.
  • Desmarchelier, C., Mongelli, E., Coussio, J., & Ciccia, G. (2000). Hepatoprotective activity of Achyrocline satureioides (Lam) D.C. Journal of Ethnopharmacology, 73(3), 361–366.
  • Zorzi, G. K., Caregnato, F., Moreira, J. C. F., Teixeira, H. F., & Carvalho, E. L. S. (2016). Antioxidant effect of nanoemulsions containing extract of Achyrocline satureioides (Lam) D.C.—Asteraceae. AAPS PharmSciTech, 17(4), 844–850.
  • Silva, M. A. S., et al. (2023). Avaliação da citotoxicidade e hepatoproteção de Achyrocline satureioides (Lam.) DC em células HepG2. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
  • Lorenzi, H., & Matos, F. J. A. (2008). Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa: Instituto Plantarum.
  • Barata, L. E. S., et al. (2009). Brazilian Medicinal Plants. Achyrocline satureioides (Lam.) DC. (macela). Revista Fitos, 4(1), 120–125.

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Divulgador Científico sobre Saúde

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