A taioba (Xanthosoma sagittifolium) é uma planta nativa da América tropical amplamente consumida no Brasil como hortaliça de folhas. Popular em regiões do Sudeste e Nordeste brasileiro, é cultivada tradicionalmente em quintais e roçados, sendo conhecida por sua versatilidade culinária e valor nutricional elevado.
Utilizada desde o período colonial por comunidades rurais, a taioba é valorizada não apenas pelo sabor suave e pela textura macia de suas folhas cozidas, mas também por suas propriedades funcionais. Rica em fibras, minerais e compostos antioxidantes, a taioba vem ganhando atenção científica por seu potencial como alimento-medicamento.

Benefícios para a Saúde
- Rica em ferro e excelente para a saúde do sangue: A taioba é uma das PANCs (plantas alimentícias não convencionais) mais ricas em ferro biodisponível. Seu consumo regular pode auxiliar na prevenção da anemia ferropriva, principalmente quando combinada com fontes de vitamina C. Estudos indicam que suas folhas apresentam boa absorção de ferro quando cozidas adequadamente, tornando-se uma aliada na alimentação de populações vulneráveis.
- Ação antioxidante e anti-inflamatória: Pesquisas apontam que os extratos foliares da taioba contêm flavonoides como quercetina e kaempferol, que conferem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Esses compostos ajudam a neutralizar radicais livres, reduzir o estresse oxidativo celular e contribuir para a prevenção de doenças crônicas, como diabetes e doenças cardiovasculares.
- Saúde intestinal e efeito prebiótico: Por ser rica em fibras solúveis e insolúveis, a taioba contribui para a regulação do trânsito intestinal, prevenindo constipações e favorecendo a saúde da microbiota intestinal. Estudos demonstram que a fibra da taioba pode ter efeito prebiótico, estimulando o crescimento de bactérias benéficas no cólon.
- Propriedades hipoglicemiantes: Algumas pesquisas experimentais sugerem que os compostos presentes nas folhas da taioba podem modular a glicemia, auxiliando no controle do açúcar no sangue, o que pode beneficiar pacientes com resistência à insulina ou diabetes tipo 2.
Outros usos
- Em forma de emplastro, pode ser aplicada sobre abscessos e picadas de insetos, com efeito calmante e anti-inflamatório.
- O chá das folhas tem uso tradicional como auxiliar digestivo leve.
Efeitos Adversos e Contraindicações
A taioba crua contém oxalato de cálcio, uma substância potencialmente tóxica que pode causar ardência bucal, náusea e irritação gastrointestinal. Portanto, é essencial que seja sempre consumida cozida.
Contraindicações:
Não deve ser consumida crua ou mal cozida.
Pessoas com histórico de cálculo renal devem evitar o consumo excessivo, devido ao teor de oxalatos.
Crianças pequenas devem consumir apenas sob orientação profissional.
Formas de Preparo
Taioba refogada (uso alimentar)
Lave bem as folhas, descartando os talos fibrosos.
Cozinhe as folhas por 5 minutos em água fervente antes de refogar.
Refogue com alho, azeite e cebola, como qualquer outra verdura.
Validade: até 24h na geladeira.
Chá digestivo (uso tradicional)
Ingredientes:
1 colher de sopa de folhas cozidas e picadas
200 ml de água
Modo de preparo:
Ferver a água, adicionar as folhas e deixar em infusão por 10 minutos. Coar e tomar após as refeições.
Validade: até 12 horas.
Emplastro para inflamações leves
Folhas levemente cozidas e amassadas podem ser aplicadas mornas sobre áreas inflamadas, cobertas com pano limpo por até 30 minutos.
Saiba quais as formas e como preparar a planta medicinal
Como Plantar a Taioba
- Clima e solo: A taioba prefere clima quente e úmido, desenvolvendo-se bem em solos férteis, profundos e ricos em matéria orgânica. É tolerante à sombra parcial.
- Plantio e germinação: É propagada por rizomas (mudas ou partes do caule subterrâneo). O plantio deve ser feito em sulcos, com espaçamento de 50 cm entre as mudas.
- Cuidados: Manter o solo úmido, sem encharcamento. Fazer adubações com composto orgânico. A colheita das folhas pode iniciar cerca de 3 meses após o plantio.
- Pragas e doenças: Pode ser atacada por lagartas e ácaros. O uso de extrato de neem ou sabão neutro ajuda no controle. Boa rotação de culturas evita doenças fúngicas.
Ficha Técnica
Nome científico: Xanthosoma sagittifolium
Outros nomes populares: mangarito-grande, yautía, tannia, taiá
Nomes em outros países lusófonos: yautía (Cabo Verde), tannia (Guiné-Bissau), taioba (Portugal e Angola)
Nome em inglês: tannia, elephant ear
Família botânica: Araceae
Parte utilizada: folhas (principalmente), rizomas (ocasionalmente)
Origem: América tropical
Altura da planta: até 1,5 metro
Clima de ocorrência: tropical úmido
Uso tradicional: alimentício, digestivo, anti-inflamatório
Compostos ativos: ferro, quercetina, kaempferol, fibras solúveis e insolúveis
Tenha um excelente dia!
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Referências
- Araújo, P. S., Araújo, S. S., Giunco, A. J., Silva, S. M., & Argandoña, E. J. S. (2019). Bromatology, food chemistry and antioxidant activity of Xanthosoma sagittifolium (L.) Schott. Emirates Journal of Food and Agriculture, 31(3), 188–195.
- Vela-Gutiérrez, G., Velázquez López, A. A., Tacias Pascacio, V. G., et al. (2022). Effect of heat treatment on oxalate and hydrocyanic acid levels of malanga corms of two cultivars (Xanthosoma sagittifolium and Colocasia esculenta) in a murine model. Journal of Food Science and Technology, 59, 220–227.
- Souza, J. S. S. (2018). Caracterização nutricional, fitoquímica e biológica da Taioba (Xanthosoma sagittifolium (L.) Schott). Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Paraná.
- Repositório Institucional – Universidade Federal de Uberlândia. (2019). Avaliação da atividade antioxidante e antimicrobiana de extratos de Xanthosoma sagittifolium.
- Lumu, R., et al. (2011). Comparative reduction of oxalates from New Cocoyam (Xanthosoma sagittifolium) leaves by four processing methods. Livestock Research for Rural Development, 23(1).
Sobre o Autor
Nutricionista
Fitoterapeuta
Divulgador Científico sobre Saúde