A Síndrome das Pernas Inquietas (RLS) causa uma vontade irresistível de mexer as pernas, prejudica o sono e afeta a qualidade de vida. Entre as causas estão a deficiência de ferro no cérebro, fatores genéticos e desequilíbrios neurológicos; diagnóstico precoce, avaliação do ferro e ajustes nutricionais podem melhorar os sintomas.

O Que é e Por Que Você Deve Prestar Atenção
A RLS é aquela sensação chata que aparece quando você está parado, no sofá, na cama ou até mesmo sentado a mesa do jantar, e vem junto com uma vontade quase incontrolável de mexer as pernas. Não é apenas “incômodo”: quando acontece à noite, rouba o sono e deixa a pessoa cansada, irritada e menos produtiva no dia seguinte. Muitas vezes é subdiagnosticada porque as pessoas acham que é cãibra, ansiedade ou “dores de crescimento” nas crianças.
Apesar de já ter sido descrita há séculos, hoje sabemos que a RLS atinge milhões de pessoas e está entre as principais causas de insônia. O problema é que, sem identificar corretamente, o tratamento demora e a qualidade de vida fica comprometida, por isso é importante reconhecer o padrão dos sintomas e procurar avaliação profissional.
Sinais Típicos e como Diferenciar
Os sinais mais comuns são sensações estranhas nas pernas como formigamento, choquinhos, algo “raspando” por dentro, que melhoram quando você anda ou mexe os membros. Na maioria dos casos, os movimentos das pernas também ocorrem durante o sono (PLMS), fragmentando o descanso. Em crianças, os relatos podem vir como “pernas inquietas” ou ficar disfarçados como comportamento típico em TDAH, o que atrasa o diagnóstico.
É fundamental diferenciar RLS de outras condições: cãibras musculares (que costumam ser dolorosas e súbitas), neuropatias (com perda sensitiva) ou problemas articulares. Se os sintomas aparecem em repouso, pioram à noite e melhoram com movimento, o padrão é fortemente sugestivo de RLS, e aí vale fazer exames simples para investigar causas reversíveis.
Por que Isso Acontece?
A ciência atual aponta que, em muitos casos, o problema vem de um “baque” no metabolismo do ferro dentro do cérebro, mesmo quando os exames de sangue parecem normais. O ferro é importante para o funcionamento de substâncias cerebrais que regulam movimento e sono, como a dopamina, e, quando há falta localizada, surgem os sintomas. Há também participação genética e fatores ambientais que “ligam” o problema em quem já tem predisposição.
Além disso, outras questões como inflamação, deficiência de vitamina D, alterações da tireoide ou certos medicamentos, podem provocar ou piorar a RLS. Situações temporárias, como a gravidez, costumam aumentar a prevalência, provavelmente por alteração das necessidades nutricionais e hormonais.
Papel da Nutrição e o Que Você Pode Fazer Hoje
Tratar RLS não é só remédio: identificar e corrigir deficiências nutricionais (especialmente o ferro) é uma das primeiras medidas. Quando a ferritina está baixa ou limítrofe, a reposição oral ou, em casos específicos, intravenosa, pode reduzir sintomas. Também faz sentido avaliar vitamina D e hábitos que aumentam inflamação, porque dieta inflamatória, álcool e açúcar à noite tendem a piorar o quadro.
Medidas práticas que costumam ajudar incluem melhorar a higiene do sono, reduzir ultraprocessados e açúcares, manter atividade física regular e trabalhar com um profissional para checar e corrigir níveis de ferro e outras vitaminas. Suplementos como magnésio ou vitamina B em alguns casos apresentam benefício, mas devem ser orientados por avaliação clínica individual.
Quando Fazer Uso da Medicação e Cuidados Importantes
Se as estratégias não farmacológicas e a correção de causas secundárias não forem suficientes, há medicamentos com boa evidência para RLS. Medicamentos não dopaminérgicos (como pregabalina e drogas do grupo alfa2-delta) são frequentemente recomendados; agonistas dopaminérgicos também funcionam, mas exigem cuidado a longo prazo por risco de “augmentation”, quando a medicação, com o tempo, piora os sintomas. Por isso, a consulta com um médico é essencial.
Portanto, a identificação correta, investigação de causas reversíveis (especialmente ferro) e combinação de medidas dietéticas, comportamentais e medicamentosas, quando necessário, são o caminho para melhorar o sono e a qualidade de vida. Gestantes, crianças e pacientes com doenças renais ou outras comorbidades precisam de atenção especializada.
Reforçando que a RLS é tratável e que ajustes relativamente simples, muitos deles relacionados à nutrição e estilo de vida, podem fazer diferença significativa. Se você reconhece esses sintomas em você ou em alguém próximo, converse com um profissional de saúde, peça a checagem do ferro e considere um acompanhamento nutricional individualizado.
Tenha um excelente dia!
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Referências
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- Cederberg KLJ; Silvestri R; Walters AS. Vitamin D and Restless Legs Syndrome: A Review of Current Literature. Tremor and Other Hyperkinetic Movements. 2023.
- American Academy of Sleep Medicine. Treatment of restless legs syndrome and periodic limb movement disorder: Clinical practice guideline. Journal of Clinical Sleep Medicine. 2024.
Sobre o Autor
Nutricionista
Fitoterapeuta
Divulgador Científico sobre Saúde